Estranhos

Visitou meu coração
O homem que não conheço.
Seu olhar doce surgiu
Por trás da névoa azulada
Da minha fantasia feminina.

Guardava minhas rotas palavras
Em minúsculas caixas rebordadas
De falsas pedras preciosas
Acompanhava meu caminhar lento
Com a fidelidade do por-do-sol

A areia do seu tempo brinca
entre meus dedos de criança
Suas grandes mãos ásperas
Desnuda sob a seda do meu corpo
A mulher que não sei quem é!

Visitou minha alma
O homem que não conheço
Iluminou no espelho
Dos meus olhos tristes
A mulher que não sei quem é

Homem e mulher
Estranhos conhecidos
Espíritos náufragos
Na madrugada violeta
Sem a esperança do alvorecer.